Entradas, saídas, fronteiras, lâminas sobrepostas
sobre o tecido denso da noite.
Um homem adormece, os céus deslocam-se
sobre o Atlântico, mais nocturnos que o sono
que lhe embaraça a reconhecida imagem
da sua mente comovida pela morte - «a minha morte»,
terá ele cantado por décadas -,
mais nocturnos que a casca das árvores
a lápis de cera negro pintada pelos impenitentes
desenhadores de árvores que são os filhos,
mais nocturnos que este líquido teatro
percorrendo as imagens, o irreversível tempo,
esse, onde, no interior veloz, se queimam as nossas vidas,
mais musicais que o preciso registo da vaga pauta
de onde a mente retira palavras desde o início antigo.
Um pavão abre o azul da mente, espelha-a,
e depois grita. Entradas e saídas, fronteiras,
lâminas de uma perfeição extrema e difícil expõem-se.
Um homem adormece. Os céus viajam.