Café, não Müller. Aqui decorre
uma variação desse exercício de luto,
onde me demoro com um copo de vinho
e os teus comentários que releio.
Nestas palavras provisórias
que se demoram a transformar
numa resposta, consumo o que aqui
não está, uma última dança nos
movimentos dos funcionários
neste espaço que se reordena, com
o arrastar de cadeiras, o bater
dos talheres e estalar da goma das toalhas.
Lá fora, no avanço meridional do verão,
o céu é uma longa sombra. Aqui são matérias
de despedidas, de aprendizagem
do que se arruína, aquilo com que me debato;
esta procura de sentir por ausência,
do que sobrevive da beleza
que se destrói a cada morte.
E com as tuas palavras, essa tua última frase,
que me prende à erma terra destes versos
ao ver ir-se perdendo “toda essa gente
contemporânea que nos salva do tédio absoluto”.