I think of what I left aside
of what I pushed away as left-overs, waste, leathers,
ropes, glue, nails, curses
for my hammered finger,

and I know now
(ah, how much time has gone by,
water under the bridge
going god knows where!)
what I left aside
was the bridge itself,
bridge to this concreteness,
poor but well defined,
a shoe for anyone.

© Translated by Ana Hudson, 2010

 

12.

Penso no que de parte pus
no que afastei de sobras, desperdícios, peles,
cordas, colas, pregos, pragas,
no dedo martelado

e sei agora
(ah, e quanto tempo passou
como a água da ponte
que vai a não sei onde!)
que o que de lado pus
era isso mesmo a ponte,
ponte para este concreto,
pobre mas definido,
sapato de quem o queira.

in O Livro do Sapateiro, 2010