Café, not Müller. A variation
of that mourning exercise is playing here,
where I pass time with a glass of wine
and the re-reading of your comments.
In these provisional words and the
time they take to become
an answer, I consume what isn’t
here, one last dance of
the waiters’ movements
in this self re-ordaining space, the
dragging of chairs, the tinkling
of cutlery, the flipping of starched tablecloths.
Outside, in the southerly movement of the summer,
the sky is a long shadow. Matters
of departures, of learning
about what’s crumbling, that’s what I’m struggling with here;
this search for feeling through absence,
of what remains of beauty,
and is destroyed by each death.
And with your own words, that very last sentence,
tying me down to these lines’ lonesome ground,
as I watch the loss of “all those contemporary
people who save us from absolute tedium”.
© Translated by Ana Hudson, 2010
Berlin (Café Einstein)
Café, não Müller. Aqui decorre
uma variação desse exercício de luto,
onde me demoro com um copo de vinho
e os teus comentários que releio.
Nestas palavras provisórias
que se demoram a transformar
numa resposta, consumo o que aqui
não está, uma última dança nos
movimentos dos funcionários
neste espaço que se reordena, com
o arrastar de cadeiras, o bater
dos talheres e estalar da goma das toalhas.
Lá fora, no avanço meridional do verão,
o céu é uma longa sombra. Aqui são matérias
de despedidas, de aprendizagem
do que se arruína, aquilo com que me debato;
esta procura de sentir por ausência,
do que sobrevive da beleza
que se destrói a cada morte.
E com as tuas palavras, essa tua última frase,
que me prende à erma terra destes versos
ao ver ir-se perdendo “toda essa gente
contemporânea que nos salva do tédio absoluto”.
in Telhados de Vidro nº13 (literary magazine)
© Rui Miguel Ribeiro