Culture is a touristic feature

Being Portuguese is the same as being an Aborigine or an American
I can eat dry cod and roasted potatoes anywhere
Camões and Pessoa in all languages like Rilke and Confucius
Portuguese connects me only with the literary dead

I live in this corner due to climatic inertia
I’m never here – Lisbon is no longer the city of churches and army barracks
it’s an intermittent scenery where I live separately – I go to the supermarket
and buy Belgian chocolate and Chilean wine

I no longer have enemies be they Saracens or Chinamen like Pinto*
nor do the Portuguese bother me or their grossly behaving
classes which aren’t even the worst – that’s why I live here
with my books and CDs which are the same everywhere

© Translated by Ana Hudson, 2010

* Fernão Mendes Pinto, 16th century explorer and travel writer

 

A Cultura é um marcador turístico

Ser português é como ser aborígene ou americano
Posso comer bacalhau com batatas a murro em qualquer lugar
Camões e Pessoa em todas as línguas tal como Rilke e Confúcio
O Português só me une aos mortos da literatura

Vivo neste canto por uma questão de inércia climática
Nunca estou cá – Lisboa já não é a cidade das igrejas e quartéis
É um cenário intermitente onde vivo separadamente – vou ao super
comprar chocolate belga e vinho chileno

Já não tenho inimigos nem sarracenos nem chinos como o Pinto
Nem os portugueses me incomodam nas classes de comportamentos
grosseiros em que não são os piores – Por isso vivo aqui
com os meus livros e discos iguais em toda a parte

Unpublished, 2010

© Nuno Félix da Costa