The procession advances, lowers down
the cross of the humble Christ
treads on the flowers
scattered along the pathway
by women’s reverential hands.
Crushed petals mush
with mud left by the brief rain
that sweet-scented the air.
Children rush, resigned,
to kiss the Lord’s feet,
men chat between small sips
of white wine, eat
fresh baked brioche, white sugared almonds,
lay the bell and the bag of coins,
tinkling together, on the linen tablecloth,
also white.
Men’s faces reddened by the sun,
or by the sacred steps,
foreheads sweating from the march,
purple surplices matching the day,
the inevitable rainfall.
Further away down the road,
the hiccupping noise
of a motorbike.
Bells tolling in the distance slice with joy
the graveness of this day. The
day when Jesus
rose from the dead,
glory to His Name, to his Kingdom,
glory to all who follow Him.
Lord Jesus, now that You came
to visit me, let me ask You
for a share in this peace covering the fields,
the infinitely far-reaching silver green fields,
only a share in this peace
guarded by the vast stillness
of the afternoon.
© Translated by Ana Hudson, 2011
Domingo de Páscoa
Vem a procissão despeja a cruz
de Cristo humilde
pisa as flores da passadeira
que mãos respeitosas de mulheres
deixaram poisadas nos sulcos da terra.
Esmagadas as pétalas misturam-se
com a massa de lama que um chuvisco deixou
lavando o ar de um cheiro doce e fresco.
Precipitam-se as crianças a beijar
resignadas os pés do Senhor
os homens tagarelam entre copos
pequenos goles de vinho branco
comem pão-de-ló fresco amêndoas brancas
poisam sobre uma toalha de linho também branca
o sino e o saco das moedas
ambos tilintam
caras vermelhas do sol
ou dos passos
testas perladas do suor da caminhada
opas roxas a condizer com o dia
chuva que inevitavelmente cai de aguaceiro
o ruído de uma motoreta
que passa ao longe pela estrada
crepitando seu motor rectificado.
Sinos rebatem ao longe cortando de alegria
a gravidade do dia. Este
é o dia em que Jesus
ressuscitou dos mortos
glória ao Seu Nome glória ao Seu Reino
glória a todos aqueles que O seguem.
Senhor Jesus deixa-me pedir-Te
agora que vieste visitar-me
um pouco dessa paz que cobre os campos
infinitamente extensos verde e cinza
um pouco apenas dessa paz
que esta tarde guarda
em seu vasto silêncio.
in Hotel Spleen, 2003
