Let the word redeem you from error. Let the word be the error.
You glide over the earth. You glide over the water.
All is swift and extreme. Dust around your sorrow. Dust around your tears.]
That which hits you in full flight. The blindness that hits in full flight.]
You rise to the most secret joy of abandoning your body.
You glide over earth. You glide over water.
Your story, where you wrote the indefinable which is your name. You were a child.]
You spread your wings. And your wings spread the shade
where that which was recognisable and amiable
took shelter.
You glide over the earth. You glide over the water.
You have the ancient talent to spread your wings. Now broken,]
for ever broken. Already without the opening span,
it’s in the sunset you hide your shame.
Of your own will, desire and pain,
you exhume the word from the past, the never existing innocence.
Let the word redeem you from error. Let the word be the error.

© Translated by Ana Hudson, 2013

 

Que a palavra te redima do erro

Que a palavra te redima do erro. Que a palavra seja o erro.
Deslizas sobre a terra. Deslizas sobre as águas.
Tudo é veloz e extremo. Pó em torno da tua dor. Pó em torno do teu choro.]
O que te atinge em pleno voo. A cegueira que te atinge em pleno voo.]
Ergues-te para a mais secreta alegria de abandonares o teu corpo.
Que a palavra te redima do erro. Que a palavra seja o erro.
A tua história, onde escreveste o indefinível do teu nome. Eras criança.]
Estendia as tuas asas. E as tuas asas
faziam a imensa sombra sob a qual de abrigava
o que era reconhecível e amável.
Deslizas sobre a terra. Deslizas sobre as águas.
Tens o talento antigo de estenderes as tuas asas. Agora quebradas,]
para sempre quebradas. Já sem a amplitude do início,
é no ocaso que escondes a tua vergonha.
Por tua vontade, desejo e mágoa,
exumas a palavra do passado, a inocência que não o era.
Que a palavra te redima do erro. Que a palavra seja o erro.

in Poesia Revisitada 1995-2010, 2011