You look for company within four walls saturated by your presence,
The spectre of a bottle of wine you once buried in the sand and drank with the sunset
As company, you try to remember who you were that night you drank a bottle of sake
And wrote a poem about a tattoo on a shoulder listening to The Doors,
You search less for yourself in that closed room, where you are, you search for yourself Within, where you are not,
Reflections in the mirror really mirroring the you that you never find, you search for
the reflection of the hippocampus, you never believed your own company,
You’ve always rather have the immediate company of inebriation and lavatories in nearly empty bars,
You search because your hands are full and your arms are tired with the weight of the days,
Always the same, back and forth, back and forth, a masturbation due to necessity,
A despair to ejaculate as if bleeding your soul and then you feel better, because it’s less,
In the pallor you meet more easily with eternity, you search for yourself in the echoes of those groans
unworthy of your name, but who cares, if you so sure of the presence of your
Flesh, can’t have more certainties than pain, which you look for as soon as invisibility grabs
Hold of you, you scream with gusto, you blow against a castle of cards only to see them overturning
the beauty you so patiently built, you search for the company of granite
that tears your wrists while you pray and pour your liquid body onto warm stone
between the legs of some city, your curiosity has always been passive,
in order to satisfy others, and you, always innocent, in all anonymous fucking,
in all smiling and sincere treachery, in the acceptance of all fruit, always swallowed to the end, blindly, fascinated
by the pretended fascination for your timid and grey soul, your search for a confession,
but you can’t speak except in this manner, and confess therefore to empty glasses
and to dreams in nights of insomnia and sweat due to abstinence of excessiveness.
© Translated by Ana Hudson.
“Mr Mojo Risin”
Procuras entre quatro paredes saturadas pela tua presença, uma companhia,
O espectro de uma garrafa de vinho que um dia enterraste na areia e bebeste na companhia
Do pôr-do-sol , tentas lembrar-te de quem eras na noite em que bebeste uma garrafa
De sake e escreveste um poema sobre uma tatuagem num ombro ao som dos The Doors,
Procuras-te menos nesse quarto fechado, onde estás, procuras-te dentro, onde não estás,
Reflexos que nunca encontras no espelho em que realmente te espelhas, procuras
O reflexo no hipocampo, nunca acreditaste na companhia que te fazes, preferiste sempre
A companhia imediata da bebedeira e das casas de banho em bares quase vazios,
Procuras porque tens as mãos cheias e os braços cansados do peso dos dias, sempre
Os mesmos, para cima, para baixo, para cima, para baixo, uma masturbação por necessidade,
Um desespero de verter como quem faz uma sangria na alma e fica melhor, porque menos,
Na palidez encontras-te mais facilmente com a eternidade, procuras-te nos ecos daqueles
Gemidos que nem do teu nome capazes, mas que interessa, se tu tão certo da presença da tua
Carne, nada te dá mais certeza que a dor, procura-la sempre que sentes a invisibilidade
Tomar conta de ti, gritas com vontade, sopras contra o castelo de cartas só para que se voltem
Para a demolição da beleza que com tanta paciência construíste, procuras a companhia
Do granito a rasgar os teus punhos enquanto rezas e vertes o teu corpo líquido na pedra
Quente entre as pernas de uma capital, a tua curiosidade sempre foi passiva, para satisfazer
A dos outros, e tu inocente sempre, em todas as fodas anónimas, em todas as traições
Sorridentes e sinceras, na aceitação da fruta, sempre engoliste até ao fim, cego, fascinado
Pelo fascínio que fingem ter pela tua alma apagada e cinzenta, procuras uma confissão,
Mas não consegues falar de outra forma que não esta, confessas-te por isso aos copos vazios
E aos sonhos nas noites de insónias e de transpiração por abstinência de excessos.
in Voo Rasante, Mariposa Azual, 2015