Our hands tell us the truth: how many days: how many rivers how many fingers. We tell houses as if they were the secret and in the houses we keep the secrets. We keep under our skin the age of flowers and keep them watered at all times: as we take care of jobs and of nights. As we take care of rivers in order not to go without water. Houses hide the most exact shapes: the curve of the water itself. But our hands are our darkest secret. Our fingers show rivers the way.

© Translated by Ana Hudson, 2020

 

São as mãos que dizem a verdade:

São as mãos que dizem a verdade: quantos dias são: quantos rios quantos dedos. Contamos as casas como se fossem elas o segredo e guardamos nas casas os segredos. Guardamos debaixo da pele a idade das flores sem que nunca lhes falte água: como cuidamos dos empregos e das noites. Como cuidamos dos rios para que nunca nos falte água. As casas escondem as formas mais exactas: a própria curva das águas. Mas são as mãos o nosso segredo mais escuro. São os dedos que indicam o caminho aos rios.

2016, pequena indústria

Tea for one

© Ricardo Tiago Moura