It’s a small world,
inhabited by small animals
– doubt, the possibility of death –
and lit by the hesitant light of
small stars – the rustle of books,
your steps going up the stairs,
the cat in the drawing room playing
with evening’s last sunbeam.
One would rather call it a house,
a little taller than an empire
and slightly more inscrutable
than the word ‘house’; it doesn’t glow.
Yet, certain nights
it leaves itself and me
and stays suspended outside
between memory and remorse from another life.
Then, lights turned out,
I hear voices calling,
dead words never uttered
and the endless agony of finished things.
© Translated by Ana Hudson, 2011
Relatório
É um mundo pequeno,
habitado por animais pequenos
– a dúvida, a possibilidade da morte –
e iluminado pela luz hesitante de
pequenos astros – o rumor dos livros,
os teus passos subindo as escadas,
o gato brincando na sala
com o último raio de sol da tarde.
Dir-se-ia antes uma casa,
um pouco mais alta que um império
e um pouco mais indecifrável
que a palavra “casa”; não fulge.
Em certas noites, porém,
sai de si e de mim
e fica suspensa lá fora
entre a memória e o remorso de outra vida.
Então, com as luzes apagadas,
ouço vozes chamando,
palavras mortas nunca pronunciadas
e a agonia interminável das coisas acabadas.
in Como se desenha uma casa, 2011