We can always speak about afterwards.
The artificial rose that preceded me
remains indifferent with its
golden stains, turned
towards the image of the city.

Many were the roses already named,
but this one also has its virtue,
plastic thorns simulating
the abrasion living these days has become.

Duration resistant to time,
to appetite and to the sun that swathes it
with the same indifference.
On the edge of being, its shadow
harbours more life and almost reaches me.

Rose, gold, gaze, it arouses
in its duplicity the desire
and the plenitude of loving,
against the glass pane that divides me.

© Translated by Ana Hudson, 2010
* Verse by Stephen Spender

 

Rose, gold, landscape or another*

Podemos sempre falar em depois.
A rosa artificial que me antecedeu
permanece indiferente com as
suas manchas de ouro, voltada
sobre a imagem da cidade.

Tantas foram as já nomeadas,
mas esta também tem a sua virtude,
espinhos de plástico que simulam
o atrito de viver que são estes dias.

Duração resistente ao tempo,
ao apetite e ao sol que a cobre
pela mesma indiferença.
Na fronteira de ser, a sua sombra
tem mais vida e quase chega até mim.

Rosa, ouro e olhar, desperta
na sua duplicidade o desejo
e a plenitude de amar,
contra o vidro que me separa.

in XX Dias, 2009
* Verso de Stephen Spender