So much singing from machines, transports
And transplants.
The most varied changes in status, infection,
Sex, age.
They carry with them recycled bowels,
Kidneys made of the finest and most fragile
Filigree,
Crystal bones, delicate crystallines
Of the utmost polished marble.
And the nerve structure in its monitored tracks,
Its sounds’ matted patchwork,
All this ebullience of fear
Transmutes
Into vapours of the cruel expression of
Molecular, cellular, histaminic
Calculation.
We are
The old models of the emoted,
Thoughtful flesh.
We are what is left of a God’s
Painful pattern,
Clumsy creatures, who can’t even die
And laugh with the words generated
Between the burdens of blood
And pleasure.
Hail, o mobile, disenchanted bodies, redeemed
By such a nature which in another space announces
Life at born-again speed,
Freed from its eggs, its original nurses,
Its sacred mourners,
Its primordial sound, from the ending
Of this lyric song.
© Translated by Ana Hudson, 2010
Como cantam…
Como cantam as máquinas, todos os transportes
E transplantes.
As mais diversas mudas de estado, infecção,
Sexos, idades.
Trazem consigo intestinos reciclados,
Rins da mais pura e frágil
Filigrana,
Ossos de cristal, delicados cristalinos
Do mais polido mármore.
E a textura nervosa dos seus monitorizados percursos
A manta retalhada dos seus sons
Aquela ebulição do medo
Transmuta-se
Em vapores de expressão cruel do cálculo
Molecular, celular,
Estamínico.
Nós somos
Os velhos modelos da carne emocionada,
Pensativa.
Somos o que resta do padrão
Doloroso de um Deus,
Inábeis criaturas que não sabem já morrer
E rir com as palavras geradas
Entre o peso do sangue
E do prazer.
Salve ó corpos móveis, decantados, redimidos
Por uma natureza que clama noutro espaço
A vida em velocidade renascida,
Liberta dos seus óvulos, das suas enfermeiras de origem,
Das suas carpideiras sacras,
Dos primórdios do som, do final
Deste canto lírico.
in O Amante Japonês, 2008