The poet, herder of winds, gives
to each a woman’s name: the
northern wind is heather, the flower
that stays and lasts in your ear;

the southern wind is daisy, which
each of us must choose, and belongs
to all and to no one when
it goes in through one ear and out the other;

the western wind is rose, which
glows but not for long, but still
pricks while it’s dying; the eastern wind

is violet, the one that lies with
the poet and gets up with the south-eastern wind,
painting the day in butterfly colours.

© Translated by Ana Hudson, 2010

 

Ventos

O poeta que apascenta os ventos dá a
cada um nome de mulher: ao
vento norte chama-lhe perpétua, a flor
que fica e se prolonga no ouvido;

o vento do sul é o malmequer, que
cada um tem de escolher, e é de
todos sem ser de nenhum quando
entra por um ouvido e sai pelo outro;

o vento oeste é a rosa, que
brilha muito e dura pouco, e quando
morre ainda pica: e o vento leste

é a violeta, que se deita com o
poeta e se levanta com o sueste,
pintando o dia com cores de borboleta.

in O Breve Sentimento do Eterno, 2008