43.

Of course one fears somebody might enter in through one’s eyes. But you may burn. To your temperature I am mercury, palm-lines, lip, breath. I go through you because you come through me and as where we are raiders we surrender to the charms of restitution.

You and I at the threshold of a place that will lock everything inside a tree. Here where minutes are the street that we can wait in all afternoon for silence, where your body weighs exactly the measure of my desire.

I am an animal. I need the daily transfusion of an enormous quantity of warmth.

Will you touch me?

© Translated by Ana Hudson with Gabriel Gbadamosi, 2012

 

43.

Claro que se tem medo que alguém nos entre pelos olhos. Mas podes arder. Para a tua temperatura, sou mercúrio, linhas de mão, lábio e sopro. Atravesso-te porque me atravessas e onde somos corsários rendemo-nos ao encanto da devolução.

Tu e eu à porta de um lugar que vai fechar tudo numa árvore. Aqui onde os minutos são a rua em que nos sentamos toda a tarde à espera do silêncio, onde o teu corpo pesa a medida exacta do meu desejo.

Sou um animal. Necessito diariamente da transfusão de uma enorme quantidade de calor.

Tocas-me?

in A Prisão e Paixão de Egon Schiele, 2005