rough mornings
burn away sleep
and fever fizzes up the most vertical of words.
your finger on my name exerts agonising pressure
and a spasm runs through this text
while hell is slowly hatching inside my chest
like a snake creeping into the unsteady hollows of the hours.
sparks fly out of books
and the flames urgently heal each less intended breath
but there are assignments less sweet than others
and there are syllables set to vibrate
in the core of the deepest innocence.
© Translated by Ana Hudson, 2013
Inocência
as manhãs primitivas
queimam o sono
e a febre crepita pela parte mais vertical das palavras.
o teu dedo sobre o meu nome faz uma pressão insuportável
e há um espasmo que percorre este texto
enquanto o inferno nos nasce lentamente no peito
como uma cobra a rastejar junto às cavidades inseguras das horas.
dos livros soltam-se faíscas
e as fogueiras cicatrizam com urgência cada respiração menos voluntária
mas há designações menos doces que outras
e há sílabas que se propõem a tentar vibrar
até ao centro da mais funda inocência.
in O Sono Extenso, 2011