Iron-red tea
Were your body a teapot, sleek
and slender, face unseen
and hands like iron-red stems,
were your mouth to release a roofless
wind drawing up with smoke
a lush hissing garden,
I would myself become a You in my
high gorged, fruit-shaped nothingness,
eager handled, forged in the flame
you kindled, untamed and triangular.
Were your body raw porcelain
as I touch it, light, white-glazed,
smoothed to absence, and rendered
pale yellow or aubergine
in fine point, there I’d drink the tea
sprung of the suddenly budding
lid, both sipped, one cooled off
in ceramic and wonder, the other warm
from the purple of Cassius – as they begin
again to mould the crest-shaped pommel.
© Translated by Ana Hudson, 2010
Chá vermelho-ferro
Fosse teu corpo um bule, exuberante
e esguio, de rosto oculto e mãos
como hastes a vermelho-ferro,
e de tua boca se soltasse um vento
sem tecto que de fumo desenhasse
um jardim de úberes silvos,
tornar-me-ia eu num Tu em meu
nada de alto colo e formato fruto,
asa em ansa, moldada em chama
por ti ateada, ferina e triangular.
Fosse teu corpo porcelana brava
como o sinto, leve, branco-vidrado,
aplanado de ausência e composto
em passos de bico amarelo pálido
ou beringela, nele beberia o chá
de tampa inventada num ápice de
botão, minúsculos ambos, um esfriado
de cerâmica e espanto, o outro quente
de púrpura de Cassius – recomeçando os
dois a moldar o pomo em forma de crista.
in Adornos, 2011