35.
I don’t know
Whether I will ever see again
The caravans
At dawn
Crossing the desert
Past
The ruins of Palmyra
Or
The millenarian water wheels
Of Hama
Screeching with effort
As they lift
The water of the Orontes
Up to the aqueduct
That crowns the city
Or
The landscape
At the foot of Mount Kasyun
Covered by fallen
Stars
That became
Pure scattered light:
The city of Damascus
I don’t know
Whether I will ever again
Travel the night journey
On the Bagdad train:
Aleppo, Nineveh,
Tikrit…
And whether I will once more
Be able to lift my eyes
And see the beauty of Nahila
Standing on her terrace.
I’ve heard inside myself
A thunder
That shattered my soul.
To mend it
I don’t know what I’ll have to face.
© Translated by Ana Hudson, 2010
Marthiya of Abdel Hamid segundo Alberto Pimenta 35
35.
Não sei
Se tornarei a ver
As caravanas
Que de madrugada
Atravessam o deserto
Em frente
Às ruínas de Palmira
Ou
As azenhas milenares
De Hama
A chiar de esforço
Quando elevam
A água do Oronte
Até ao aqueduto
Que encima a cidade
Ou
A paisagem
Aos pés do monte Kasyun
Coberta de estrelas
Que caíram
E se fizeram
Pura luz esparsa:
A cidade de Damasco
Não sei
Se tornarei
A fazer a viagem nocturna
No comboio de Bagdad:
Alepo, N´nive,
Tikrit…
E se outra vez ainda
Poderei erguer os olhos
E ver a beleza de Nahila
Nos limites da sua açoteia.
Já ouvi dentro de mim
Um trovão
Fender-me a alma.
Para a unir de novo
Não sei o que terei de enfrentar.
in Marthiya de Abdel Hamid segundo Alberto Pimenta, 2005