drunken men
singing in the streets
spring a younger
god his beginnings
in the plaiting of dark hair
grabbed you by the wrists
on that cobbled narrow street
vengeful magnetic
you swung round on yourself
hesitant arm at first
hand against your back
then pulled you in
searching your thighs

now factor in
I’ll never know in how many
ways I destroyed you revived you
for the flower that spreads
through the hair later
forgotten in the hands

his deepest fear
was silence and this was
the weapon he chose

at the end of that
afternoon he went back
to the room in the bay
of naxos the poor
old dirty room
its malicious
and indiscreet landlord

the cat crept out
through the door
and you ran after it
putting the ashtray
down on the side

I always remember this
and start again
and that’s the only reason I do start again

© Translated by Ana Hudson, 2012

 

restart the heart

homens bêbados
cantavam nas ruas
a primavera um deus
mais jovem teve o seu começo
no entrançado dos cabelos negros
no empedrado dessa ruela
agarrou-te pelos pulsos
magnético vingativo
tu giraste sobre o centro
o braço primeiro hesitante
a mão contra as costas
depois puxando-te
subindo pelas coxas

acrescenta agora
nunca saberei de quantas
formas te destruí te recomecei
para a flor que alastra
nos cabelos mais tarde
esquecida nas mãos

o seu maior medo
era o silêncio e foi
a arma que escolheu

no fim daquela
tarde regressou
ao quarto na baía
em naxos o quarto
pobre velho e sujo
com o senhorio
maldoso e indiscreto

o gato escapuliu-se
rasteiro pela porta
e correste atrás dele
pousando o cinzeiro
na estante da entrada

lembro-me sempre disto
e recomeço
e é só por isto que recomeço

in teatro de rua, 2013