foreign to your forthright manner, dull
for your senses.

Stopping the car in some dead end place,
we’d burn the words’ fuse
till reaching the desert where we held hands.

Outside, reality was the entire space
spread on the windows, the world
plummeting into silence.

Time was spent very fast, as we got lost
in our only map,
no sign of change on the way back.

© Translated by Ana Hudson, 2011

 

Super-realidade

estranho à franqueza dos teus modos, baço
para os teus sentidos.

Parávamos o carro num beco qualquer,
queimávamos o rastilho das palavras
até ao deserto onde dávamos as mãos.

Lá fora, a realidade era o espaço inteiro
deitado nos vidros, o mundo caído
para dentro do silêncio.

Gastávamos depressa o tempo, perdidos
no nosso único mapa,
nenhum sinal de mudança no regresso a casa.

in A Super-Realidade, 2011