In the afternoon I sit in the park
where the elm trees shelter blackbirds
and drop seeds on the barren
tarmac paths.
It’s my first sunday without you,
the same as any other sunday:
empty streets, darkly shuttered
shop windows, a hushed world of
temporarily absent neighbours.
I stay out here in the cold for a while,
distracted by the futile fancy of being
the next stranger to cross
the street, of not even having the protection
of a name.
And, all of a sudden, she’s back
after months of idleness in no fixed
abode: I summoned the bitter shadow
that whispers in my ear.
Yes, here she is, steep
and thirsty.
Poetry.
© Translated by Ana Hudson, 2011
O fim da aventura
À tarde sento-me no jardim do bairro
onde os lódãos acolhem melros
e enchem de sementes as inférteis
alamedas de alcatrão.
É o primeiro domingo sem ti,
em tudo igual aos outros domingos:
ruas despovoadas, grades nas montras
escuras, um pacato mundo de vizinhos
temporariamente ausentes.
Deixo-me ficar ao frio um bom bocado,
distraído pelo fútil desejo de ser
o próximo estranho que atravesse
a rua, de não ter sequer o abrigo
de um nome.
E, de súbito, ei-la que regressa,
após meses de remanso em parte
incerta: conjurei a sombra azeda
que me sussurra ao ouvido.
Cá está ela, sim, íngreme
e sedenta.
A poesia.
in Capitais da Solidão, 2006