tears used to come to my eyes
whenever i heard louis armstrong singing
st. james infirmary, that funeral march
to which i’ve already alluded, a long time ago, so sombre, so poignant,
so defenceless and sad. i’ve spoken of this before and
now it comes to me again, i don’t quite know why,
at this darkening hour, like whispers of pollen dust
falling from the clouds. and i know it makes me
feel as if a held my heavy heart and
a bunch of flowers, a bunch
of fragile conjunctions of cyclamen
and furtively moistened petals, so pale
and bluish, so soaked in time and bad luck,
in this husky rhythm in step with the end of love:
so cold, so sweet, so fair,
make way, make way, wherever they may be
there’s never been such love,
crepuscular iseult, forsaken tristan,
both dying to no avail.

© Translated by Ana Hudson, 2010

 

tristão e iseult

dantes até me vinham as lágrimas aos olhos
quando ouvia louis armstrong a cantar
st. james infirmary, aquela marcha fúnebre
a que já aludi há muito tempo, tão sombria, tão pungente,
tão desarmada e triste. já falei disso, sim, e
agora ocorre-me outra vez, nem eu sei bem porquê,
nesta penumbra anoitecida, como um pólen de surdinas
que escorressem das nuvens. e sei que me faz
sentir como se levasse um aperto no coração e
um ramo de flores, um ramo
de frágeis comissuras de ciclamen
e pétalas furtivamente humedecidas, tão pálidas
e azuladas, tão repassadas de tempo e pouca sorte,
nesse compasso rouco para a morte de amor:
so cold, so sweet, so fair,
deixai passar, deixai passar, onde quer que eles
estejam nunca houve amor assim,
iseu crepuscular, tristão desamparado,
ambos morrendo por de nada ter valido.

in O Caderno da Casa das Nuvens, 2010