Come to me before I die of love – blood
is cooling inside my body and roses are fading
in my hands. From my bed I hear the storms
on the continents; I’ve already felt like leaving, letting the wind
randomly carry my suitcase; I planned to travel the world
to forget you – but I never opened the door.

Come to me while I’m not dead, but come by night –
light only underlines the sorrows of a face and I want you to remember me
as I might have been. From my bed I see the sun
tattooing my country’s coasts; and I dream I’m chasing it,
drawing your name on velvet sands and feeling
life pulsating in the word like a tensed muscle
buried beneath the skin – but then I’d wake up and never do it.

Come to me before I die, but come fast –
books are falling off my lap and mold is spreading
through my clothes. From my bed I scent the leaves
fallen on the paths. Autumn is here. And the room
has suddenly turned cold. And you don’t come. Now
I want to lie on the mossy carpet of the garden and hear
the earth’s heart beating in my breast. Worms feed
on the dreams of the dying. And you won’t come.

© Translated by Ana Hudson with Gabriel Gbadamosi, 2012

 

Vem ver-me antes que…

Vem ver-me antes que eu morra de amor — o sangue
arrefece dentro do meu corpo e as rosas desbotam
nas minhas mãos. Da minha cama ouço a tempestade
nos continentes; e já quis partir, deixar que o vento
levasse a minha mala por aí; fiz planos de correr mundo
para te esquecer — mas nunca abria a porta.

Vem ver-me enquanto não morro, mas vem de noite —
a luz sublinha a agonia de um rosto e quero que me recordes
como eu podia ter sido. Da minha cama vejo o sol
tatuar as costas do meu país; e já sonhei que o perseguia,
que desenhava o teu nome no veludo da areia e sentia
a vida pulsar nessa palavra como um músculo tenso
escondido sob a pele — mas depois acordava e não ia.

Vem ver-me antes que morra, mas vem depressa —
os livros resvalam-me do colo e o bolor avança
sobre a roupa. Da minha cama sinto o perfume das folhas
tombadas nos caminhos. O outono chegou. E o quarto
ficou tão frio de repente. E tu sem vires. Agora
quero deitar-me no tapete de musgo do jardim e ouvir
bater o coração da terra no meu peito. Os vermes
alimentam-se dos sonhos de quem morre. E tu não vens.

in Poesia Reunida, 2012