It is my beloved’s silver.
I’ll gently say good-bye,
and tell her not to cut the thorns of the first
life-climbing rose.
And when I walk through the valley of the shadow,
she’ll come down to the small harbour, taking off her sandals,
dive into the sea,
repeating the names of all who left,
of all who loved her,
hesitating at the tavern door,
seeing my empty place, the violin on the table, a
silence greater than the slowness of the sea shores,
and she’ll consider everything, in each sound, in each tear, in
nothing.
She’ll turn her back.
We have never been of this world, I’ll finally tell her, as I close
the last door.

© Translated by Ana Hudson, 2014

 

É a prata da minha amada

É a prata da minha amada.
Dir-lhe-ei docemente adeus,
e que não arranque os espinhos da primeira rosa,
subindo pela vida.
E quando eu caminhar pelo vale da sombra,
ela descerá ao pequeno porto, descalçando as sandálias,
mergulhando no mar,
repetindo os nomes de todos os que partiram,
de todos os que a amaram,
hesitando à entrada da taberna,
vendo o meu lugar vazio, o violino sobre a mesa, um
silêncio maior que a lentidão das praias,
e pensará em tudo, em cada som, em cada lágrima, em
nada.
Ela voltará as costas.
Nunca fomos deste mundo, dir-lhe-ei por fim, ao fechar
a última porta.

in Caminharei pelo Vale da Sombra, 2011