That summer, the wind dishevelled the fields and the boats
yelled over the waves. The excessive beauty
of children burst the mirrors; and the girls,
coming upon the intimacies of their parents, went mad
in the passage ways and sought perdition
in the voluptuousness of days. On the centenary trees
there was a bursting of fruit which inflamed the palms of the hands
and slid towards mouths with the hastiness of forbidden
names. The sun burned the pages of the book
that was halted by the violence of a poem, and bent
the corners of the only portrait that had resisted the frame
of time. At night, the boys dived into the bays
in pursuit of stars; and the lovers, disturbed
by the plainness of their bedrooms, set off to make love
in the cold of the beach huts and woke up
inside each others’ voices. I can’t remember what I said or what you said:
summer unsettles the feelings.
© Translated by Ana Hudson with Gabriel Gbadamosi, 2012
Nesse verão…
Nesse verão, o vento despenteou os campos e os barcos
andaram aos gritos sobre as ondas. A beleza excessiva
das crianças arrombou os espelhos; e as raparigas,
surpreendendo a intimidade dos pais, enlouqueceram
nos corredores e foram perder-se, também elas,
na volúpia dos dias. Nas árvores centenárias
rebentaram frutos que inflamavam a concha das mãos
e escorregavam para a boca com a pressa dos nomes
proibidos. O sol queimou as páginas do livro
interrompido na violência de um poema e revirou
os cantos do único retrato que resistira à moldura
do tempo. De noite, os rapazes deitaram-se às baías
atrás das estrelas; e os amantes, incomodados
com a exiguidade dos quartos, foram fazer amor
nos balneários frios da praia e acordaram nas vozes
um do outro. Já não sei o que disse e o que disseste:
o verão desarruma os sentimentos.
in Poesia Reunida, 2012